Desde a antiguidade o ser humano procura explicações para a origem da vida na Terra. Há mais de dez mil anos atrás segundo antigas, doutrinas especialmente na Índia, na Babilônia (atual Iraque) e no Egito havia crença que as rãs, crocodilos e as cobras eram geradas pela lama dos rios. Esses animais apareciam inexplicavelmente no lodo ou associados a ele (lugares úmidos) e eram pensados como manifestações da vontade dos deuses; e acreditava-se que surgiam atravéz de geração espontânea.
O primeiro a fazer a pergunta de onde teriam surgido os serses vivos de forma sistemática e séria foi Aristóteles (séc. IV a.C.); logo, ele é considerado também o grande defensor (e o mais famoso), dessa hipótese na antigüidade. Para explicar a origem da vida ele supunha a existência de um “princípio ativo” ou uma “força vital” dentro da matéria inanimada. Esse princípio ativo organizador seria responsável, por exemplo, pelo desenvolvimento que os animais passam desde ovo até o animal adulto. Cada tipo de ovo tendo um princípio organizador diferente, de acordo com o tipo de ser vivo.
Esse mesmo princípio organizador também tornaria possível que seres vivos completamente formados eventualmente surgissem a partir da matéria bruta.
Esse mesmo princípio organizador também tornaria possível que seres vivos completamente formados eventualmente surgissem a partir da matéria bruta.
A idéia era baseada em observações (descuidadas), sem rigor científico de que alguns animais aparentemente surgem da matéria em putrefação, ignorando a pré-existência de ovos ou mesmo de suas larvas. Isso antecedeu o desenvolvimento do método científico tal como praticamos hoje, não havendo tanta preocupação em certificar-se de que as observações fossem fidedignas e sistemáticas. Dessa interpretação (que os organismos vivos pudessem ser gerados a partir da matéria bruta, inanimada) surgiu a TEORIA DA GERAÇÃO ESPONTÂNEA ou TEORIA DA ABIOGÊNESE, segundo a qual todos os seres vivos originaram-se espontaneamente da matéria bruta.
As receitas para produzir seres vivos
O grande poeta romano Virgílio (70 a.C.-19 a.C.), garantia que moscas e abelhas nasciam de cadáveres em putrefação. Já na Idade Média, Aldovandro afirmava que, o lodo do fundo das lagoas, poderiam nascer patos e morcegos (idéia também defendida por outros muito mais antigos que ele).
O padre Anastásio Kircher (1627-1680), professor de Ciência do Colégio Romano, explicava a seus alunos que do pó de cobra, espalhado pelo chão, nasceriam muitas cobras.
Houve até um cientista belga Jean Baptist van Helmont (1577-1644) (sec.XVII) que chegou a propor uma receita para produzir seres vivos. Ele ensinava que para produzir ratos bastava juntar uma camisa suada e suja e um punhado de grãos de trigo, colocar essa mistura em um local escuro e protegido (dentro do celeiro, por ex.). Depois de algum tempo iriam aparecer ratos no local. Sabe-se hoje que os ratos aparecem atraídos pelo alimento e não que tivessem surgido a partir dessa mistura.
Van Helmont também propôs uma receita para produzir escorpiões, bastando para isso de uma camisa suada, trigo e pedaços de queijo.
BIOGÊNESE
Em textos antigos tanto literários quanto científicos podemos encontrar referências à origem dos seres vivos, especialmente sapos, rãs, cobras, moscas e escorpiões, como sendo esses organismos oriundos da matéria bruta (não viva) ou inanimada. Ao longo de mais de 2.300 anos perdurou a discução entre a teoria da geração espontãnea ou abiogênese e a teoria da biogenese (omne vivo ex vivum). Por muito tempo houve acirrada discução entre essas duas teorias; até que baseado em experimentação sistemática a teoria da biogênese foi aceita. Hoje apenas ensinamos que existiu um outro pensamento alternativo (porém errôneo) à teoria da biogênese.
ORIGEM EXTRATERRESTRE OU HIPÓTESE DA PANSPERMIA
Teoria da Panspermia ou hipótese extraterrestre
Proposta por Svante Arrhenius em 1908
Svante Arrhenius (1859-1927), um físico e químico sueco, ganhador do prêmio Nobel de Química em 1903 (teoria eletrolítica da dissociação),.
Ele supunha que, em épocas passadas, poeira espacial, meteoritos e cometas caíram em nosso planeta trazendo certos tipos de microrganismos, provavelmente semelhantes a bactérias. Esses microrganismos, então, ao chegar à Terra encontraram um ambiente favorável (com água, sem oxigênio e muitos nutrientes) e se desenvolveram e evoluíram. Esse é o conceito de“Panspermia” que significa “vida em todo o cosmo”. Todavia essa teoria não responde totalmente a questão da origem da vida. Se ela veio de fora da Terra, como ela se formou lá fora? Como ela surgiu pela primeira vez no universo (seja na aqui na Terra ou em qualquer outro lugar do universo)?
ORIGEM ATRAVÉS DA EVOLUÇÃO QUÍMICA OU HIPÓTESE DE OPARIN - HALDANE
John Burdon Sanderson Haldane (1892-1964)
Aleksandr Ivanovitch Oparin (1894-1980)
O bioquímico russo Aleksandr Ivanovich Oparin e o bioquímico inglês J. B. S. Haldane, em meados da década de 20, aprofundaram de forma independente uma teoria anteriormente já levantada pelo biólogo inglês T. H. Huxley, denominada teoria da evolução química
(ou molecular); (mesmo sendo proposta por Huxley essas idéias já haviam sido levantada por Charles R. Darwin quando ele afirma em uma carta a um dos seus amigos em 1871: “...we could conceive in some warm little pond, with all sorts of ammonia and phosphoric salts, light, heat, electricity, etc., present, a protein compound was chemically formed ready to undergo still more complex changes...i.e.evolution.”).
(Podemos conceber que em alguma poça quente de água com todo tipo de amônia e sais do ácido fosfórico, luz, calor, eletricidade, etc., presentes, um composto de proteína foi quimicamente formado e sofreu mudanças ainda mais complexas, i.e., evolution) (tradução livre minha).
(Podemos conceber que em alguma poça quente de água com todo tipo de amônia e sais do ácido fosfórico, luz, calor, eletricidade, etc., presentes, um composto de proteína foi quimicamente formado e sofreu mudanças ainda mais complexas, i.e., evolution) (tradução livre minha).
(Oparin publicou em 1924 sua obra Origin of life e Haldane em 1929).
Na atmosfera primitiva do nosso planeta, existiriam gases como:
CH4 (metano),
NH3 (amônia),
H2 (hidrogênio),
CO2 (dióxido de carbono)
H2O (na forma de vapor de água) e
H2S (gás sulfídrico) além de
N2 nitrogênio.
Sob altas temperaturas, em presença de centelhas elétricas (raios de tempestades) e raios ultravioleta (UVA e UVB (oriundos do Sol), tais gases teriam se combinado, originando COMPOSTOS ORGÂNICOS (aminoácidos e ácidos graxos), que ficavam flutuando na atmosfera.
Com a saturação de umidade da atmosfera, começaram a ocorrer chuvas. Os aminoácidos eram arrastados para o solo. Em presença da argila (intemperismo das rochas) e submetidos a aquecimento prolongado, os aminoácidos combinavam-se uns com os outros, formando proteínas.
As chuvas lavavam as rochas e conduziam as proteínas para os mares. Surgia uma "sopa de proteínas" nas águas mornas dos mares primitivos. (Atualmente alguns acreditam que talvez não teria sido no mar a origem da vida mas em poças razas de água morna, que existiam em terra).
As proteínas dissolvidas em água formavam colóides. Os colóides se ligavam e originaram os COACERVADOS.
Os coacervados englobaram moléculas de nucleoproteínas (que faziam cópias de si mesmas). Assim, organizavam-se em gotículas delimitadas por membrana lipoprotéica. Surgiam assim, as primeiras células vivas.
Essas células pioneiras eram muito simples e ainda não dispunham de um equipamento enzimático capaz de produzir seu próprio alimento. Portanto eram heterótrofas. Com a evolução, mais tarde, surgiram as células autotróficas, mais derivadas.
A hipótese de Oparin-Haldane esta baseada em alguns dados relevantes sobre a composição química da atmosfera primitiva do nosso planeta:
CH4 (metano),
NH3 (amônia),
H2 (hidrogênio),
CO2 (dióxido de carbono)
H2O (na forma de vapor de água) e
H2S (gás sulfídrico) além de
N2 nitrogênio.
Sob altas temperaturas, em presença de centelhas elétricas (raios de tempestades) e raios ultravioleta (UVA e UVB (oriundos do Sol), tais gases teriam se combinado, originando COMPOSTOS ORGÂNICOS (aminoácidos e ácidos graxos), que ficavam flutuando na atmosfera.
Com a saturação de umidade da atmosfera, começaram a ocorrer chuvas. Os aminoácidos eram arrastados para o solo. Em presença da argila (intemperismo das rochas) e submetidos a aquecimento prolongado, os aminoácidos combinavam-se uns com os outros, formando proteínas.
As chuvas lavavam as rochas e conduziam as proteínas para os mares. Surgia uma "sopa de proteínas" nas águas mornas dos mares primitivos. (Atualmente alguns acreditam que talvez não teria sido no mar a origem da vida mas em poças razas de água morna, que existiam em terra).
As proteínas dissolvidas em água formavam colóides. Os colóides se ligavam e originaram os COACERVADOS.
Os coacervados englobaram moléculas de nucleoproteínas (que faziam cópias de si mesmas). Assim, organizavam-se em gotículas delimitadas por membrana lipoprotéica. Surgiam assim, as primeiras células vivas.
Essas células pioneiras eram muito simples e ainda não dispunham de um equipamento enzimático capaz de produzir seu próprio alimento. Portanto eram heterótrofas. Com a evolução, mais tarde, surgiram as células autotróficas, mais derivadas.
Com isso foi possivel o aparecimento dos seres de respiração aeróbica.
P.S.:
Embora se discuta a composição química da atmosfera primitiva do nosso planeta, os gases existentes nela podem ser observados em outros planetas do próprio sistema solar (como em Vênus ou mesmo Marte e Júpiter). Todavia esse assunto é um assunto ainda em aberto e alguns pesquisadores acreditam que, em vez de metano, amônia, hidrogênio e vapor de água, existiam monóxido de carbono, dióxido de carbono, nitrogênio molecular e vapor de água.